Por Emily :
Segurava nas mãos apenas três coisas. Uma vida a debater-se, uma faca comprida e afiada e grossos fios de sangue. Na minha face clara e emoldurada de cabelos ruivos, ostentava um largo sorriso psicótico. Nos olhos, rodeados por espessas olheiras, exibia um brilho assustador, que espelhava a loucura contida na minha mente.
- Ah, Morre de uma vez. Deixa de espernear. – Disse, um pouco enfadada. – Estas a manchar o meu vestido. E a Tsuki não vai gostar de ver o vestido que me ofereceu, arruinado!
A sua vitima, gemia com um longo e profundo corte na garganta, onde o meu longo cutelo se enterrava mas e mais a cada segundo que passava. Imaginei que ele não fosse capaz de gritar. Provavelmente já lhe tinha dilacerado as cordas vocais. Matar era um jogo. Um jogo mortal que eu jamais poderia perder. Mais vale matar que ser morto. Devo admitir que nos últimos anos ganhei particular interesse em ceifar vidas. A forma como as vitimas gritavam e horror e gemiam de surpresa quando um qualquer ferro se lhes dilacerava o corpo. A forma como esbugalhavam os olhos e o sangue começava a correr. A forma como ao fim de algum tempo, o olham embaciava e a cabeça tombava inerte no chão frio. Como o corpo gelava e endurecia. Como a vida fluía para fora do corpo, apenas porque eu havia tomado a posição das Destinos, e cortado o seu fio da vida.
Num ultimo esgar de dor, a vitima abriu ainda mais os olhos, tremendo as pupilas, para de seguida ceder a vontade da morte, e abandonar a vida. Assim que senti a ultima pulsação, larguei o cadáver, limpei o sangue das mãos, as roupas da vítima (as poucas que se encontravam limpas), e observei o meu trabalho por uns longos segundos. Os meus sapatos afundavam-se no sangue que formava poças à minha volta. Os ratos começaram a chiar de satisfação por todo o beco escuro. A Lua reflectia-se naquele liquido vermelho, e num ultimo instante, soltei um guincho de excitação. Estava satisfeita com o meu trabalho.
Caminhei para longe da vítima. Calcava pegadas vermelhas por onde passava. Por mim, pequei no meu talismã em forma de Ω e aclamei.
- Tsuki. Leva-me par casa. Acabei a minha tarefa…
E depois naquele chão húmido e fedorento, deixou de se observar a sombra de Emily.
Por Tsuki:
A minha respiração ficou suspensa assim que vi Emily surgir na minha frente. Tinha o vestido branco salpicado de vermelho. O cutelo ainda pingava sangue. No entanto o cabelo estava alinhado, e os olhos exibiam um carinho doce típico de amizade que ela reservava apenas para mim.
- Emy. Estas bem? Estás ferida? – Perguntei, receosa de que o sangue no vestido de Emily lhe pertencesse.
Emily esboçou um sorriso doce. Poderia jurar que estava na presença de uma criança inocente. Não fosse o amuleto em forma de Ω, o enorme cutelo, e as manchas vermelhas.
- O sangue… Não e meu nee-san. – Proferiu inclinando um pouco a cabeça. – Mas desta vez sujei-me um bocadinho. Não achas?
Suspirei de alívio. Não confiava em mais ninguém se não em Emily. Ela era o único laço que me ligava a sentimentos como o amor e a amizade. A única que me aceitava como era. Sempre fui da opinião que os inadaptados deveriam permanecer juntos.
- Tsuki. O vestido esta húmido. Pega-se ao corpo e é muito desconfortável. – Reclamou Emily.
Com um piscar de olhos, fiz desaparecer o vestido manchado e no lugar dele fiz surgir um vestido negro rendado. Os sapatos sujos desapareceram e deram origem a uns novos limpos, juntamente com umas meias brancas e pretas. O cabelo ficou prendido num coque, atado por um laço de veludo negro, e qualquer vestígio de sujidade, desapareceu. O Cutelo, evaporou-se no ar. E o sangue que dele pingara, e formara poças no chão, desapareceu no mesmo instante.
- Emily. Como era ele? – Perguntei enquanto me aproximava de Emily, para lhe afagar a face.
- Um escudeiro. Mas mais forte do que os outros. Reconheceu o amuleto, como pertencendo-te e tentou matar-me, porque lhe recusei a dizer onde estavas. – Emily sorriu de satisfação. - Mas não lhe serviu de muito. Nee-san, andas a ser procurada aqui também. Não e seguro!
A voz de Emily parecia um eco distante. Tambem nesta dimensão me procuravam… tal como eu suspeitava.
- Emy, não vamos a lado nenhum. E tu não voltas a sair. É perigoso de mais. – Proferi.
Em resposta, Emily guinchou.
- Nunca nee-san! Eu posso proteger-te. Não me importo de morrer, vês? – Correu para o faqueiro, pegou numa pequena lamina e num impulso desferiu um corte no pulso esquerdo. Dele, começou a pingar sangue. – O meu sangue todo ele… é teu. Devo-te a minha vida, e se não puder fazer nada por ti… então mais vale sacudir a poeira dos pés e entregar-me aos escudeiros.
Suspirei, assim que vi as lágrimas formarem-se nos olhos de Emy. Pequenas gotas, suaves e delicadas. Como as lágrimas de uma criança devem ser. Limpei-lhas com as costas da mão.
- Doi? – Perguntei pegando no pulso dela.
- Sim. Mas se e pela única amizade que conheci. Não me importo.
Fechei os olhos, e controlei a pena que sentia de Emy. Pobre alma. Acho que era naquilo que resultava uma alma que nunca conhecera carinho ou bondade, desde que a orfandade tinha tomado a sua vida. Com um toque de dedos, usei os puderes de bruxa negra para fechar o golpe, ate que nem uma cicatriz restasse.
- Emy, não voltes a fazer isso. És como uma irmã para mim. E se te acontecer algo, juro pelo sangue que me corre nas veias… que morrerei também.
Por Laila:
So mais um esforço. So mais um esforço. Abri os olhos para observar o resultado da minha ultima tentativa de controlar o crescimento gradual de plantas. Olhei a minha volta. Todos os outros estudantes exibiam uma flor diferente, crescida e robusta. So no meu vaso repousava apenas terra. Sem nada. Sentia-me uma idiota por ter escolhido geminar um lírio. Cerrei os olhos com mais força. E concentrei-me “ Por favor, cresce, cresce…” Abri os olhos e dei de caras com um pequeno embrião… longe de ser uma planta adulta.
- Senhorita Laila. Estou desiludido com a sua prestação. E logo o lírio. Uma flor tão simples de fazer crescer… - Com um toque de mãos, o professor fez germinar um belo lírio branco. – Claramente os seus poderes ainda não se manifestaram.
Senti-me uma idiota autentica. Estava à horas a tentar fazer germinar uma planta tão simples. Olhei em volta da sala. Rosas, dálias, açucenas, estrelícias, todas elas grandes e belas. So aquele lírio teimava em não nascer!
- Por hoje a aula esta a acabada. Podem sair. – Anunciou o professor.
Bufei de irritação. – Estúpida Flor. – Preparava-me para sair quando ouvi uma voz atrás de mim.
- Sabes... Enquanto as achares estúpidas. Ela não vai crescer… As flores podem ser bastante teimosas.
Virei-me e dei de caras com Yuri, o melhor aluno da turma. Era uma fada de tez pálida, cabelo e olhos negros e um sorriso pouco acentuado. As asas eram verdes com laivos de dourado.
- Então no meu caso, penso que a minha nunca vai crescer. – Olhei de relance para o vaso e para o lírio. – De qualquer forma… nem gosto muito de lírios.
- Os lírios são perfeitos. Transmite uma imagem de pureza e simplicidade. – Suspirou ele. – Na minha opinião é a flor perfeita para ti.
Corei naquele instante. Eu, pura e simples? Nunca. A minha flor era sem duvida a rosa vermelha. Rodeada de paixão e calor. O lírio não era claramente a minha flor. Depois desviei o olhar para o vaso de Yuri. Era um Hibisco. Torci o nariz perante a analogia entre a flor de hibisco e a personalidade de Yuri.
- Não importa Yuri. Por mais que me esforce… acho que não vou conseguir. – Suspirei – Ah, o que importam as estúpidas flores?
Ele encolheu os ombros.
- Se estas disposta a desistir tão depressa, tenho pena. Mas se precisares de ajuda, estou na estufa.
- Não vou precisar. Mas obrigada Yuri.
Nessa noite, encaminhei-me para a cama. Tinha passado horas a arranjar vasos com terra e rizomas de lírio. Tinha passado horas a tentar germina-los e nada. Acabei por me deitar tarde e sem colher qualquer fruto do meu trabalho.
- Perda de tempo. Murmurei antes de adormecer. Depois, apaguei a luz, e assim que a escuridão tomou conta de mim… o sonho estranho começou… de novo.
Proximos capitulos: Mei, Biia, Mizuki
Gomen, eu com as aulas, nao tenho tido muito tempo e ainda por cima nao tenho tido vontade nenhuma de escrever >3< ^^ posto assim que puder ^^
