Ok!! Aqui vai o 1º capítulo!! Espero que gostem ^^I
O céu estava estrelado. Era noite de Lua Cheia. Kyle, o filho da costureira da aldeia, estava sentado num grande rochedo, no meio do denso bosque que rodeava a sua pequena aldeia.
À luz da lua o rapaz não parecia humano. Apesar de apenas ter apenas 11 anos, a sua beleza deixava qualquer um sem palavras. Os seus cabelos castanhos, despenteados, tapavam os seus belos e profundos olhos verdes.
Sempre que Kyle precisava de pensar, ele vinha de noite ao rochedo. Passava horas naquele simples local que significava tanto para ele.
Aquele era o seu local. Mais ninguém sabia da sua existência, para além da sua melhor amiga.
Lena – Kyle pensava com carinho. Aquela rapariga era a única que o percebia. Todos os outros afastavam-se dele. Chamavam-no de aberração devido à sua estranha ligação com a lua, que nem ele conseguia explicar.
Uma lágrima caíra. Mas porquê? Seria por ter recordado as vezes em que fora maltratado? Não, já tinha ultrapassado isso há muito tempo. Então o que seria?
Lena – Mais uma lágrima caíra.
O que se passava com ele? Não tinha razões para estar a chorar, mas, a lembrança daquela rapariga era demais para ele conseguir aguentar.
Ele sempre fora frio, distante. Mas ao lado dela, ele era simpático, amável. Ela era a única pessoa que o conseguia fazer sorrir. Ela tinha-lhe mostrado o lado bom da vida.
Kyle não conseguia parar as lágrimas que caiam do seu rosto. Um barulho veio de trás dele. Ele virou-se, preparado para enfrentar a criatura que o tentasse a atacar.
Ele paralisou. Azul cruzou-se com verde. Kyle não conseguia dizer nada, apenas conseguia observar a devastadoramente bela rapariga à sua frente. O cabelo da rapariga caía-lhe sempre de modo perfeito, mesmo quando ela não tentava. Era castanho e ondulado. Chegava-lhe à cintura. A sua pele era branca e a franja tapava uma parte dos seus olhos azuis e cintilantes que tinham o poder de fazer o coração de Kyle bater acelerado. Mas desta vez, os seus olhos mostravam pena e carinho. Porquê?
Lena – as lágrimas ficaram mais grossas. Ele corou. Realização e espanto passaram pela sua cara. Lena nunca parava de o surpreender com a sua amabilidade. Ela preocupava-se sempre com os outros. Quer a tivessem mal tratado.
-Eu perdoarei as pessoas que me pedirem perdão, nada mais. – Dissera Lena, sorridente, numa tarde de Primavera.Mas Kyle não era capaz de fazer isso. Ele jurava vingança. Como fez com o seu pai depois de ter ferido gravemente a sua mãe e fugido da aldeia como um covarde. Ele jurara que iria matar aquele homem, por isso, treinava todos os dias o manuseamento de armas e a luta corpo a corpo.
Kyle virou lhe costas e limpou as lágrimas. Mas elas não paravam. Estava preparado para fugir. Ele não queria que ela o visse. Não naquele estado. Mas de repente, foi impedido pelos braços que agora o envolviam.
Lena… - Mais lágrimas apareceram nos seus olhos, mas ele conteve-as. Não podia preocupar a sua melhor amiga. A sua única amiga.
-Não precisas de me esconder nada Kyle… Por favor não me escondas nada… Sabes que podes contar sempre comigo. – Lena abraçou o amigo com força.
Kyle não conseguiu mais reter as lágrimas. Aquela rapariga tinha o poder de trazer os seus sentimentos à superfície, e isso impressionava-o sempre.
Lena – Pensou amargamente Kyle –
agora percebo. Aproveitarei o máximo da tua companhia até à minha partida. Partirei em busca do meu pai amanha. Mesmo que tenha de te deixar. – Com este pensamento, mais lágrimas brotaram dos olhos de Kyle.
-Por favor conta-me o que se passa contigo. Eu vim a correr para aqui com o pressentimento de que se estava a passar algo contigo. E afinal tinha razão. Então suplico-te que me contes o que se está a passar. Por que razão estás a chorar? - Kyle sorriu. Era normal entre eles, ambos terem um pressentimento acerca do outro.
Na voz de Lena notava-se a solidão por que ela passava e a única coisa que podia fazer com que desaparecesse era a sua decisão. “
Contar ou não contar?”Kyle sabia que ela não ia desistir e sentir-se-ia culpado por ser a razão da solidão na voz da melhor amiga.
-Estou a planear partir amanhã. – Ainda estavam abraçados. A voz de Kyle era apenas um murmúrio mas ele sabia que Lena ouvira. – Vou procurar pelo meu pai e ter a minha vingança.
Nenhum deles falava. Apenas se ouvia o som da água. Lena não conseguia respirar.
O seu melhor amigo ia-se embora tão repentinamente. Ela não queria. Mas sabia que não o podia impedir. Lágrimas caíram dos seus olhos azuis.
Respirou fundo. Não podia mostrar a sua tristeza a Kyle. Não o podia fazer-se sentir culpado. Isto era algo que ele precisava fazer.
-Eu vou contigo. Não posso permitir… que morras… não posso. – As lágrimas não paravam de cair dos olhos azuis em que Kyle constantemente se perdia.
Sorriu. Afastou-se dela. As lágrimas de Lena brilhavam à luz da lua e os seus olhos azuis estavam mais cintilantes do que o normal. Guardou aquela imagem na sua memória.
-Prometo que voltarei para os teus braços. – Limpou-lhe as lágrimas com os polegares. Afastou a franja e beijou-lhe a testa. Lena corou, mas ver Kyle com um sorriso tão puro abrandava um pouco o seu coração.
A despedida foi demorada. Nenhum deles queria se afastar do outro. Mas eles sabiam que tinham de se separar.
Lena foi para casa. Teria de acordar cedo para poder ver Kyle uma vez mais. Enfiou-se na cama.
A imagem dele sobre o luar passou-lhe pela cabeça. Corou e aninhou-se mais nos lençóis.
Adormeceu. Foi um sono pacífico. Até que tudo ficou escuro e o sonho recomeçou.